segunda-feira, 11 de maio de 2015

Uma dor, um sorriso

Entro na sala escura, com uma unica luz branca, que não iluminava nada. Absolutamente nada.
Me coloco entre os corrimões da pequena rampa. O chão era aquele preto com bolinhas.
Verifico o relógio ao lado, oito e cinto. Está cedo.
Estava esperando a médica chegar, marcamos oito e quinze para a consulta.
O frio dominava aquele lugar tenebroso, onde tinha nove cadeira ocupadas. Escuto um certo menino gritando no corredor de baixo. Olho atentamente a placa de Silencio.
Ele gritava e corria. Não calava a boca. E subia em cima de um homem, que pode ser seu pai.
O menino batia e empurrava, era o demônio em pessoa. O pai, não mexia um dedo, para intervir-lo. E os dois correram perto do lixo. O garoto se jogou em cima do pai, machucando. O pai encrava os dedos nos seus ombros. O garoto grita de dor, demostrando, mas sorri.
Aquele garoto era esquisito, sentia dor e sorria, para parecer o que? Forte?
Quanto mais o garoto sorria, mas o pai o machucava. Aquilo devia estar doendo e muito. E sorria.
Depois sai, pegando a cadeira de rodas e empurrando ela pela recepisão.
A médica estava atrasada, oito e meia, to quase meia hora aqui, de pé.
O pai pega o braço do garoto e o coloca contra a parede e dando uma bronca, sem machuca-lo. Um cara sai do seu acento e sento em seu lugar. O garoto não se mexeu, ouviu a bronca do pai, depois subiu em cima dele. Sabendo que o pai vai o machuca-lo e ele vai sorri denovo, denovo e denovo.
Fui buscar um copo d’agua, quando volto, o pai e o garoto estão sentados no meu lugar. Não queria pedir de volta, porque fiquei com medo de que o pai faça algo comigo, ou com o garoto que estava sentado em meu lugar. Voltei a ficar de pé.
O garoto dorme.
Um médico chama pelo seu nome, que é bem complicado, e ele se levanta. Da um tapa de leve na bochecha do garoto para acorda-lo e vão embora, para o meio das sombras. Nunca mais quero encontra-los, pelo menos, não dessa forma. Com o pai batendo e o filho sorrindo.